Santa Míriam de Jesus Crucificado

Frei Patrício Sciadini, ocd

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Em todos os povos aos quais chega o cristianismo, florescem os santos, que são testemunhas vivas do seu amor. O Carmelo – nome que quer dizer jardim florido – nos oferece muitos santos e santas. Uma das santas mais ricas em carismas extraordinários é Santa Maria de Jesus Crucificado. 

Ela nasceu no pequeno povoado de Abellin (Palestina), no dia 5 de janeiro de 1846.  Ainda pequena, fica órfã de pai e mãe. Adotada por um tio, vai para Alexandria (Egito), onde aos 13 anos recusa casar-se com um rico turco muçulmano. Este a fere, acreditando tê-la matado ao degolá-la. É abandonada à beira de uma estrada. Um jovem, que ela mesma identifica como São José, a cura; recuperada a saúde, Míriam começa a sua aventura humana e espiritual.

Nós a encontramos como doméstica numa casa de ricos, em Beirute. Em 1863, encontra-se na França, a serviço da boa família Nadjar. Surge a sua vocação religiosa e entra na Congregação das Irmãs de São José da Aparição, em Marseille, mas seus dons místicos não lhe permitem permanecer na Congregação. Não fala bem nem o árabe, nem o francês, mas se orienta para o Carmelo de Pau (França). Participa da fundação do Carmelo de Mangalore (Índia), retorna ao Carmelo de origem na França e, em 1875, por inspiração divina, parte para a Terra Santa, onde funda dois Carmelos (em Belém e Nazaré). Por causa de uma queda de um andaime, morre no dia 28 de agosto, aos trinta e três anos. Estes foram vividos de um lugar ao outro e são cheios de uma intensa vida espiritual, de serviço e doação a Deus. 

Segundo os autores, a alma de Míriam, cheia de carisma extraordinários, chegou a apresentar até 13 dons inexplicáveis, como a transverberação, a leitura dos corações, levitação etc.

Docilidade total ao Espírito Santo, oração, amor à Igreja são marcas de sua espiritualidade. Seus escritos, cheios de puro sabor bíblico, nos encantam. Santa Míriam é enamorada do Espírito Santo, seu grande desejo é fazer o bem e por onde passa deixa um sinal profundo da presença de Deus. Luta contra o diabo, que a ataca por todos os lados, mas permanece sempre fiel a Deus e à sua vocação.

Quase analfabeta nas ciências humanas, mas grande na ciência de Deus, na sua simplicidade coloca-se a serviço do Senhor. Vive no coração da Igreja, com seu amor ao Papa e a todos os que anunciam o Evangelho. É uma vida que suscita maravilha pelas grandes graças que Deus colocou no seu coração.

Num êxtase ela diz: “A quem compararei o meu Deus? Ao oceano? Mas comparar Deus ao oceano é muito pouco. Uma só gota de chuva não é suficiente para refrescar a terra inteira, assim o amor de todos os corações não é suficiente para ti, ó meu Deus! Eu sou a gota de chuva, o oceano és tu. Gostaria de ter um coração maior que a terra e o mar para amar-te!”

Canonizada pelo Papa Francisco no dia 17 de maio de 2015, Santa Míriam apresenta-nos o testemunho cheia de uma vida transbordante da graça de Deus e de amor ao próximo.