A presença de Maria enche a vida do Carmelo
Na Idade Média, alguns cristãos, que foram lutar nas Cruzadas contra os muçulmanos na Terra Santa, encontraram no Monte Carmelo um lugar propício para iniciar um outro tipo de batalha: a luta contra o mal, que existe dentro e fora de nós. Esses cristãos europeus perceberam a riqueza espiritual que o Monte Carmelo guardava e como seria proveitosa para sua nova vida.
Vivendo no lugar onde, segundo o Antigo Testamento, Elias havia demonstrado ao povo e aos profetas de Baal que o Senhor é um só e está presente na nossa vida (1Rs 18), os eremitas do Carmelo construíram uma capela dedicada a Virgem Maria, a quem chamavam “Senhora do Lugar”. Assim, no monte do testemunho da unidade de Deus, marcado pela presença do profeta Elias e consagrado à Bem-aventurada Virgem Maria, os Carmelitas serviam ao Senhor, meditando as Sagradas Escrituras, na oração e no trabalho silencioso.
Ao serem expulsos do Monte Carmelo, os Carmelitas vão para a Europa. Pouco a pouco adaptaram sua vida à realidade europeia, mas sem perder suas raízes espirituais. Além da oração e do trabalho manual, os Carmelitas colocaram-se à disposição da Igreja para a pregação, para a administração dos sacramentos e formação do povo. Meditando sua origem, reconheceram-se como a Ordem da Virgem Maria. Viram n’Ela um exemplo de discípula de Cristo, de mulher orante e atenta aos irmãos, ou seja, um retrato do que deve ser um cristão. Os Carmelitas colocaram-se sem temor sob os cuidados de Maria. O Escapulário tornou-se um sinal desse amor e confiança. “Flor do Carmelo, vinha florida e singular (…) aos Carmelitas, sede propícia, ó Estrela do Mar”, assim cantavam e cantam os devotos de Nossa Senhora do Carmo até hoje.
A presença de Maria enche a vida da Ordem religiosa a ela consagrada. Santos como Teresa de Jesus, João da Cruz, Teresinha do Menino Jesus, Edith Stein, Titus Brandsma, Elisabete da Trindade e tantos outros, sentiam-se honrados e felizes em pertencer à Ordem da Virgem. Uma honra que se desdobrava em comprometimento e seriedade perante a consagração de suas vidas a Deus a exemplo de Maria.
Ser devoto de Nossa Senhora do Carmo significa viver para Cristo, como ela viveu, ter uma vida de oração perseverante e sincera e nunca desistir de viver as virtudes da fé, esperança e caridade. Trazer consigo o Escapulário do Carmo, mais que um objeto de devoção ou proteção, é pertencer à grande família do Carmelo, tendo Maria como Mãe e Irmã, no seguimento de Jesus e no serviço generoso aos irmãos.
Frei Edinaldo da Silva, carmelita descalço.