Elisabeth nasceu em um campo militar francês no dia 18 de julho de 1880. Seus pais eram José Catez e Maria Rolland Catez, e sua irmã mais nova chamava-se Margarida Catez. Elisabeth foi uma criança muito viva, de temperamento forte, dada a ataques de cólera.
Faz a 1ª Comunhão com 10 anos. Durante a celebração, sente-se profundamente emocionada, mas na ação de graças sente que Jesus mora nela e chora de alegria. Nunca mais apareceram os arrebatamentos de cólera; apenas lhe escapava alguma lágrima silenciosa, que denunciava a luta interior para dominar o explosivo temperamento.
Elisabeth empenha-se no estudo do piano, tornando-se uma extraordinária pianista. Ganha prêmios a partir dos 13 anos, aparece nos jornais da sua cidade pelo seu gênio musical e é com frequência convidada a participar nos concertos dados tanto pelo Conservatório como pelo grande teatro de Dijon.
A sua existência entra num ritmo acelerado. Uma nova vida interior, mais intensa do que nunca, começa para Elisabeth. Apesar de saber que pertence exclusivamente a Deus, Elisabeth procura discernir a forma concreta de consumar a sua entrega. Um dia, depois de comungar, “ouve” dentro de si mesma a palavra “Carmelo”, pondo fim a todas as suas dúvidas e buscas. Comunica seu desejo à mãe, que coloca a condição de entrar no Carmelo somente ao completar 21 anos.
Inicia-se uma longa espera. Elisabeth não desanima, mas aprofunda cada vez mais sua vida de oração. Vive a sua relação com o Senhor em pleno mundo: reza numa casa normal ou ao dobrar uma esquina; encontra-se com o Senhor enquanto viaja, enquanto toca, dança ou joga tênis; quando visita os doentes ou ajuda em casa, quando vai aos ensaios do coral de São Miguel ou ainda quando assume a catequese dos filhos das trabalhadoras da fábrica de tabaco.
Estamos no dia 2 de agosto de 1901. Elisabeth completa 21 anos e pode realizar seu desejo: ingressar no Carmelo de Dijon. Começa o postulantado, que só durará pouco mais de 4 meses. Inicia o noviciado no domingo, 8 de dezembro de 1901, festa de Maria Imaculada. Nos primeiros tempos de carmelita, Elisabeth sofreu muitas dúvidas e escrúpulos. Encontrou na oração e na pessoa da priora, Madre Germana, seu consolo.
Apesar dos sofrimentos interiores, a jovem carmelita mantinha-se sempre encantadora. À medida que passa o tempo, Elisabeth respira fortaleza e serenidade, doçura e amor fraterno. Nos testemunhos das Irmãs que viveram com ela, apresentam-se sempre os mesmos traços fundamentais: alegria, simplicidade, disponibilidade, amabilidade, serenidade e recolhimento. Para ela, a caridade passava pelo silêncio e serenidade, pelo sorriso e paciência, pelo bom exemplo e recolhimento. Uma caridade que não fazia ruído, mas era bálsamo suave que gerava bem-estar, alegria e vida interior…
Aproxima-se o tempo da profissão religiosa. Na manhã de 11 de janeiro de 1903, um domingo, festa da Epifania, Elisabeth da Trindade pronuncia os votos definitivos de pobreza, castidade e obediência, na mais pura fé. Como era costume, Elisabeth passou todo o dia em silêncio e oração, antes de ser festejada por suas Irmãs durante o recreio da noite.
Elisabeth procura incutir nos amigos leigos o costume gradual de voltar os olhos para o Senhor, costume que deve se tornar perseverante, na busca de multiplicar esses brevíssimos encontros com Deus. Os seus conselhos vão desde “algumas vezes ao dia”, de “vez em quando”, “com frequência”, até chegar à “união contínua”.
Elisabeth vai se abrindo cada vez mais à Santíssima Trindade. A pessoa da Virgem Maria também passa por um amadurecimento na alma de Elisabeth: descobre-a dentro de si como a grande adoradora da Santíssima Trindade, a Virgem da Encarnação que levou o Verbo em seu seio durante nove meses. Sobre a inabitação divina, dizia à Madre Priora: “Não preciso esforçar-me para penetrar no mistério da inabitação de Deus na Santíssima Virgem. Parece-me ver realizado n’Ela o ideal permanente da minha alma, que também foi o seu: adorar em mim o Deus oculto”.
No dia 21 de novembro de 1904, Elisabeth compõe a oração Ó meu Deus, Trindade que adoro. Tem 24 anos. Provavelmente ao final de 1904, descobre seu nome carismático de Louvor de Glória. Tem, então, uma intuição luminosa: descobre o destino da sua vida. Encontra o seu verdadeiro nome: Laudem Gloriae. A partir desse momento, tem consciência de ter sido escolhida por Deus para ser no Carmelo o “Louvor da Sua Glória”.
Em consequência de uma tuberculose, Elisabeth contrai o mal de Addison. Naquela época, essa doença era muito pouco conhecida e, por isso mesmo, incurável. Na quaresma de 1905 (8 de março a 22 de abril), aparecem os primeiros sintomas dessa doença que a levaria à morte.
Dias antes da sua morte, insistirá: “Parece-me que a minha missão no céu consistirá em atrair as almas ao recolhimento interior, ajudando-as a sair de si mesmas para unir-se a Deus através de um movimento muito simples e amoroso. Procurarei mantê-las nesse profundo silêncio interior, que permite a Deus imprimir-se nelas e transformá-las n’Ele”.
Depois de uma longa jornada de sofrimentos físicos, Elisabeth não resiste mais. Beija o crucifixo da sua profissão e diz, apertando-o contra o coração: “Amamo-nos tanto!…” Nos dias seguintes mantém-se lúcida, mas fala pouco. Tem os olhos quase sempre fechados. A hora da sua morte se aproxima.
De 7 para 8 de novembro, passou muito mal pelo aumento da asfixia. As últimas palavras que a ouviram dizer foram: “Vou para a Luz, para a Vida para o Amor…” Na madrugada de 9 de novembro serenou. Por volta das seis da manhã, ao toque do Angelus, partiu finalmente para o Foco do Amor, como dizia ela.