Frei Washington Barbosa, OCD
A judia. Edith Stein nasceu em 12 de outubro de 1891 em Breslau (Alemanha), no seio de uma família de origem judaica. Seus pais, Siegfried e Augusta Stein, educaram-na na fé judaica, assim como aos seus seis irmãos: Arno, Else, Frida, Paul, Erna e Rosa. Edith era a mais nova dentre eles; hipersensível, com forte personalidade e firmeza de caráter, destacava-se pela inteligência ímpar e a grande sede de saber.
A Pensadora. Categoricamente, a busca da verdade do ser humano é o denominador comum de todas as pesquisas de Santa Edith Stein. Após abandonar a psicologia, enveredou pela filosofia de Edmund Husserl, a Fenomenologia, chegando a ser secretária deste. Desde a fase fenomenológica até à fase teológica de suas pesquisas, evidencia-se em Edith Stein a grandeza de ser da vocação humana, a qual, sem sombra de dúvidas, revela seu amor incondicional ao ser humano. Ela compreende o homem sob três aspectos: como ser pessoal, em sua estrutura corpo-alma-espírito e em sua condição de imagem de Deus.
A Convertida. Por meio da fenomenologia, Edith Stein havia se confrontado com a questão da fé. Com a recente conversão ao cristianismo de seus amigos filósofos Max Scheler, Adolf Renach e Hedwig Conrad-Martius, Edith descobriu um mundo antes ignorado por seu ateísmo. Durante o verão de 1921, quando esteve na casa da amiga Hedwig, recebeu uma iluminação definitiva, que acelerou sua conversão: encontrou a autobiografia de Santa Teresa de Jesus na biblioteca. Ao final da leitura, pôde exclamar “Eis a verdade!”: verdade que procurava ardentemente e tinha uma face e um nome: Jesus Cristo.
A Formadora. Com as dificuldades crescentes na Alemanha, por motivo da crescente alienação causada pelo Partido Nacional Socialista de Adolf Hitler e por ser mulher, Edith Stein foi várias vezes impedida de assumir uma cátedra na universidade de filosofia. Assim, a fenomenóloga passou a outra perspectiva de sua missão, a de formadora e pedagoga. O principal conceito da obra pedagógica de Santa Edith Stein é Formação; esta é o fim do processo educativo, e a educação, por sua vez, uma via para a formação.
A Carmelita Descalça. Em 14 de outubro de 1933, Edith Stein entrou no Carmelo de Colônia-Lindenthal. Através da recomendação do Abade R. Walzer, sobre Edith, feita a pedido dos superiores da Ordem do Carmelo, reconhecemos seu ânimo interior naquele momento: “Não há sombra de dúvida de que ela é extraordinariamente dotada no plano intelectual. Que seja, apesar de tudo, uma alma simples e dócil, isso é o mais admirável. Sua maturidade e profundidade religiosas são de tal natureza que é inútil falar disso.” Em 15 de abril de 1934 tomou o hábito com o nome Irmã Teresa Benedita da Cruz. Em 21 de abril do ano seguinte, fez os votos temporários. Em 1938, na mesma data e mês, emitiu os votos solenes.
A Mística. Santa Teresa Benedita, aprofundando seus estudos sobre o ser humano, teve contato com o pensamento patrístico de Santo Agostinho e do Pseudo-Dionísio Areopagita, assim como com o pensamento de Santo Tomás de Aquino e do Beato Duns Scotus, para formar sua perspectiva na antropologia teológica. Dos santos do Carmelo Descalço, destacam-se Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, sobre o qual escreveu a Ciência da Cruz, último livro, redigido no ano de seu martírio. Dom Rafael Walzer, seu diretor espiritual, testemunha ainda a respeito de sua vida interior: “Raramente encontrei uma alma dotada de qualidades mais elevadas e diversas. E, contudo, era a própria simplicidade. Recebeu autênticas graças místicas, mas sua atitude nada tinha de orgulhosa. Era humilde com os simples, sábia com os sábios, mas sem sombra de pedantismo; diria mesmo que, ao lado dos pecadores, ela se fazia pecadora… […] Passava horas rezando, absorvida em Deus, mas raramente sentia necessidade de lembrar ou falar das graças recebidas, nem mesmo com seu diretor.”
A Mártir. Em 31 de dezembro de 1938, Santa Teresa Benedita refugia-se, com a irmã Rosa Stein, no Carmelo de Echt (Holanda); estavam fugindo da Gestapo. Contudo, em 02 de agosto de 1942 foram presas no campo de concentração de Westerbork; em 07 de agosto no mesmo ano, deportadas a Auschwitz-Birkenau. Santa Teresa Benedita da Cruz teve sua vida ceifada nesse local, dois dias depois, em 09 de agosto. Seu testemunho de vida pode ser resumido com as palavras de João Paulo II no dia de sua beatificação, em 01 de maio de 1987: “Devemos inclinar-nos profundamente diante do testemunho da vida e da morte de Edith Stein, filha extraordinária de Israel e, ao mesmo tempo, filha do Carmelo. Irmã Teresa Benedita da Cruz é uma personalidade que reúne em sua rica vida uma síntese dramática do nosso século”. Sua canonização ocorreu em Roma, em 11 de outubro de 1998.
REFERÊNCIAS: HERBSTRITH, Waltraud. Edith Stein: a loucura da Cruz. São Paulo: Edições Carmelitanas, 1998. MIRIBEL, Elisabeth. Edith Stein: como ouro purificado pelo fogo. Aparecida-SP: Editora Santuário, 2015.