Santa Teresa dos Andes

Frei Washington Barbosa, OCD

Origens. Juana Fernández Solar, Santa Teresa de “Los Andes”, carmelita mais jovem a receber o reconhecimento de sua santidade pela Igreja, é a primeira santa do Chile; nasceu em 13 de julho de 1900. Foi a quarta filha do casal Miguel Fernández Jaraquemada e Lúcia Solar Amstrong; depois nasceram ainda dois irmãos: Rebeca e Inácio, os seus preferidos, conforme ela mesma escreveu. De caráter tímido e sensível, que nos tempos se transformou em violento e com ataques de raivas ferozes, o que sua mãe atribuirá ao fato de Juanita ter inalado muito clorofórmio durante a cirurgia de apendicite em 1913, que causou efeitos que a tornaram intranquila por um tempo.

Espiritualidade. Segundo a própria Santa Teresa dos Andes, a primeira Eucaristia foi o grande marco de sua vida, tendo esse dia como um divisor de águas. “Jesus-Eucaristia”, como ela vai chamá-lo, será seu companheiro por toda a vida. O dia de sua Primeira Comunhão também marcou o início das locuções interiores de Jesus; Juana não suspeitava do caráter excepcional dessa graça e Jesus sempre lhe falava muitas coisas depois da Comunhão. Também tinha especial devoção à Santíssima Virgem, com quem conversava muito, e rezava o rosário todos os dias; afirmou que só não o rezou uma vez na vida. Santa Teresa dos Andes leu a História de uma alma, de Santa Teresinha do Menino Jesus, e foi aconselhada por Madre Rios (religiosa e sua professora) a ler também a vida de Santa Teresa de Ávila. Também teve contato com os escritos de outra carmelita: Santa Elisabeth da Trindade, que incutiu em sua alma o grande desejo de viver escondida em Jesus Cristo e reconhecer a cada dia que era morada da Santíssima Trindade.

Apostolado. Teresa exerceu intensa vida apostólica antes de ingressar no Carmelo: era caridosa com os pobres: certa vez, rifou seu relógio para ajudar um menino necessitado, de nome Juanito; também dava aulas de catecismo às crianças. Em março de 1919 aconteceram missões em San Pablo, lugarejo chileno muito humilde. ela e sua irmã Rebeca participaram, muitas vezes andando a cavalo para entronizar imagens do Sagrado Coração de Jesus nas casas.

O Carmelo. Nas atas para a beatificação de Teresa dos Andes, a Irmã Maria dos Anjos afirmara que “Ir. Teresa, sem dúvida, já entrou santa no convento”. Sua vida tão curta – mais breve que a da própria Santa Teresa de Lisieux – divide-se em duas partes, conforme escreveu nas páginas introdutórias de seu Diário: “Minha vida divide-se em dois períodos: mais ou menos desde a idade da razão ATÉ MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO e DESDE A MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO ATÉ AGORA, ou melhor, até a entrada de minha alma NO PORTO DO CARMELO. Jesus me cumulou de favores tanto no primeiro período como no segundo.” (Diário, Introdução). 

 Em 17 de setembro do mesmo ano, fez o pedido oficial à Madre Angélica, priora do Carmelo dos Andes, recebendo resposta favorável; contudo, era necessária a autorização de seus pais. Em 06 de abril chega a carta do pai, permitindo-lhe finalmente o ingresso no Carmelo. Em 07 de maio de 1919, Juana entra nas carmelitas de “Los Andes”, passando a chamar-se Irmã Teresa de Jesus. 

A sua Páscoa. Em março de 1920, iniciada a Quaresma, Irmã Teresa comunica ao seu confessor, Padre Avertano, que vai morrer dentro de um mês; pede autorização para intensificar sua penitência pelos pecados da humanidade. Sem dar importância ao anúncio, como única resposta o confessor lhe diz que se coloque nas mãos de Deus com inteira disponibilidade. Foi o que fez, dedicando-se ainda mais aos trabalhos, na entrega à oração e na vivência fraterna com suas coirmãs. Seis médicos atenderam Irmã Teresa, sem saber o motivo da misteriosa febre que a acometeu; sofreu frequentes delírios, que esclareceram o diagnóstico: estava doente de tifo. No dia 06 de abril, fez sua profissão religiosa, repetindo três vezes, emocionada, a fórmula de consagração ao Senhor e agradecendo à comunidade a graça de poder realizar a profissão antes do tempo, pois ainda não havia completado seu Noviciado. No dia 12 de abril, às 19:45h adormeceu docemente nos braços do Senhor. Irmã Teresa de Jesus morreu com 19 anos e nove meses, sendo apenas onze meses como carmelita.

A Glória. Em 20 de março de 1947 teve início o processo diocesano em vista da beatificação de Irmã Teresa; em 22 de março de 1986, é emitido o decreto de reconhecimento de suas virtudes heroicas. Em 13 de abril de 1987, Irmã Teresa de Jesus foi beatificada pelo Papa João Paulo II. Em 21 de março de 1993, o mesmo Papa a canonizava em Santiago do Chile e dizia que “A Luz de Cristo para toda a Igreja chilena é a Irmã Teresa de 1Los Andes’, Teresa de Jesus, carmelita descalça e primícias de santidade do Carmelo Teresiano da América Latina.”

REFERÊNCIA: PURROY, Pe. Marino. Deus, alegria infinita: Diário e Cartas de Santa Teresa dos Andes.3.ed. São Paulo: Edições Loyola, 1994.

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