Santa Teresinha: “Quisera ser missionária”

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No dia 27 de dezembro de 1927, dois anos e meio após a sua canonização, o Papa Pio XI proclama Santa Teresinha do Menino Jesus patrona principal, em pé de igualdade com São Francisco Xavier (7/4/1506 – 3/12/1552), de todos os missionários, homens e mulheres, e das missões existentes em todo o mundo.

Santa Teresinha, unida a São Francisco Xavier – o grande missionário da Igreja -, como patrona! Não foi tão fácil para os católicos compreenderem esta proclamação do Papa! Afinal, como equiparar uma jovem que nunca estudou teologia, nem sequer ministrou catequese, que viveu apenas 24 anos – 9 dos quais reclusa em um mosteiro – com o grande Francisco Xavier, jesuíta, acadêmico e que gastou a vida evangelizando os povos do oriente? Humanamente falando, uma loucura! Seria como colocar um analfabeto como titular na Academia de Letras!!! Mas, nos desígnios de Deus, tudo é diferente do nosso modo de pensar.

Por ocasião da proclamação de Santa Teresinha como Doutora da Igreja (19/10/1997), São João Paulo II publicou o Documento Pontifício Divini amoris scientia, no qual nos recorda que a Doutora de Lisieux desejava ardentemente ser missionária. O próprio Jesus lhe mostrou como haveria de viver esta vocação: praticando em plenitude o mandamento do amor, haveria de imergir no coração mesmo da missão da Igreja, sustentando os anunciadores do Evangelho com a força misteriosa da oração e da comunhão. Assim, ela realizava o que é ressaltado pelo Concílio Vaticano II, quando ensina que a Igreja é missionária por natureza (cf. Ad gentes 2). Não só aqueles que optam pela vida missionária, mas todos os batizados são, de algum modo, enviados ad gentes.

O amor de Santa Teresinha para com a Igreja, com os missionários e com a humanidade é muito prático, efetivo e, com frequência, doloroso. Aos 13 anos já experimenta no coração uma “sede de almas”: “Senti grande desejo de trabalhar pela conversão dos pecadores” (MA 45v). Quis entrar para o Carmelo “para salvar as almas e, sobretudo, rezar pelos sacerdotes”. Oferece suas orações e seus sacrifícios pela salvação de um malfeitor, Henrique Pranzini, considerado o seu primeiro filho espiritual, bem como por Jacinto Loyson, ex-frade carmelita que abandonou a Igreja: chama-o de “o nosso irmão e filho da Virgem”. Por obediência à sua Priora, mantém, nos dois últimos anos de sua vida, correspondência com dois seminaristas missionários, animando-os na vocação e na confiança em Deus.

Jesus e a Igreja ocupam o coração de Santa Teresinha. Da clausura ela reza e se oferece pela Igreja e pela humanidade. Sabe que “só o amor pode dar sentido, valor e eficácia a tudo”. Sua espiritualidade não é intimista, mas essencialmente eclesiástica: tudo o que faz e o que vive é para a Igreja. Por isso quer comparecer diante do Senhor “com as mãos vazias”, pois tudo foi dado, amorosamente, para a Igreja: “no coração da mãe Igreja serei o amor”.

Eis um texto onde Santa Teresinha derrama sua alma missionária: “Apesar de minha pequenez, quisera esclarecer as almas como os Profetas, os Doutores; tenho vocação de ser Apóstolo… Quisera percorrer a terra, pregar teu nome e implantar em solo infiel tua Cruz gloriosa. Mas, oh, meu Amado, uma só missão não me bastaria. Quisera anunciar, ao mesmo tempo, o Evangelho nas cinco partes do mundo e até nas ilhas mais distantes… Quisera ser missionária, não somente por alguns anos, mas gostaria de tê-lo sido desde a criação do mundo e sê-lo até a consumação dos séculos… Mas quisera, sobretudo, oh, meu amado Salvador, quisera derramar meu sangue por ti, até a última gota” (MB 3r)

Frei Afonso de Santa Teresinha, OCD.

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